quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Introdução

A palavra hebraica Kabbalah tem como significado primário, ou original, “receber”. Trata-se de um conhecimento passado, de geração em geração, para aqueles que sejam dignos de recebê-los. Por motivos a serem explicados futuramente, nesse blog vamos escrever sempre Cabala, ao invés de Kabbalah.
No passado, tal conhecimento era passado de mestre a discípulo de boca para ouvido,  sem nenhuma forma de mídia escrita. O discípulo, além de gozar de boa reputação e certa capacidade intelectual, deveria ser do sexo masculino, casado e ter uma idade superior aos quarenta anos. No passado, tais características indicavam, além de experiência de vida, um desejado equilíbrio emocional, mental e profissional.
Lembrem-se de que a expectativa de vida era bem menos há dois mil anos. Portanto, um homem de 40 anos já havia se estabelecido financeiramente e criado seus filhos, podendo então se dedicar a busca espiritual. A mulher não poderia aprender cabala
Nos tempos modernos, muita coisa mudou. Muitos não judeus querem aprender cabala, incluindo aí mulheres. A maioria dos interessados não se encaixaria no perfil de “maior de 40, estabilidade financeira e relacionamentos equilibrados”. Muito pelo contrário!
Esse é um dos motivos da maioria das Ordens Iniciáticas que usa o sistema cabalístico dedicar seus primeiros graus a tentar equilibrar a vida terrena dos seus candidatos! O corpo emocional sempre é o primeiro a ser tratado nas ordens, seja através de um estudo dos temperamentos, seja através da aplicação de disciplina. O autoconhecimento é sempre o primeiro passo a ser tomado antes de qual quer grande segredo da cabala ser ensinado.
E isso por um bom motivo: sem equilíbrio, aprender cabala não serve exatamente para nada!
A cabala, por mais que muitos de seus luminares neguem isso, foi muito influenciada por um tipo de misticismo judaico chamado Merkabah. E também sofreu influencias do gnosticismo e com neo-platonismo. Apesar de muitos estudiosos afirmarem seriamente que  a cabala foi ensinada por Deus diretamente aos anjos, e que esses passaram o conhecimento para Adão e que este , por sua vez, passou o conhecimento para seus filhos, não existe como provar tal fato! E  a verdade, segundo estudos sérios, é que os sinais mais antigos de que as cabala existia apontam para O século I da era cristã.
Dado o contato dos judeus dessa época com numerosos povos de diferentes regiões e religiões, não seria de se entranhar o fato de um povo influenciar o outro. E, no frigir dos ovos, nada disso importa.
O que importa é que a cabala é um sistema sério de autoconhecimento, de expansão da consciência e de consecução espiritual. Ela funciona, se for levada a sério. E é isso que importa.
Existem muitos tipos e vertentes de cabala. A original, a Kabbalah Judaica, dedica-se a chegar ao êxtase e a união com deus através da meditação e da oração. Ela se dividiu em muitas correntes doutrinárias, sendo que a mais popular é a cabala pop praticada pela Madonna.
Essa cabala, de alguma forma, influenciou muito a maçonaria, sendo que muitos dos elementos dos primeiros graus maçônicos possuem correspondência (elemento diferente mas com valor ou uso igual) com a cabala.
No século 19, um grupo de místicos cristãos revolveu adaptar a kabbalah para seu uso na cultura cristã. Essa Cabala Cristã teve seu apogeu através da Ordem Martinista e da Ordem Rosacruz. Seus grandes nomes foram Eliphas Levi e Papus. Foram eles que popularizaram a correspondência que existe entre o Tarot e Cabala. E desenvolveram rituais teúrgicos para facilitar uma expansão de consciência de seus seguidores
Outro grupo surgiria para popularizar outra vertente da kabbalah: a Golden Dawn. Essa ordem descobriu, ao estudar o material rosacruz, muitas correspondências entre o misticismo egípcio, a magia enoquiana e a cabala. Com isso, um novo patamar foi alcançado: pela primeira vez surgiam rituais que usavam elementos provenientes de diferentes tradições de forma harmônica, eficaz e eficiente. A essa vertente foi dado o nome de Kabbalah Hermética.
Como podem notar, as vezes eu uso o nome de Kabbalh e outras vezes Cabala. Há uma razão de se fazer isso, mas como já disse, explicações virão… em breve.
Por fim, no século XX, ex-membros da Golden Dawn(A.E. Waite, Dion Fortune, Paul Foster Case e Aleister Crowley) cada qual em sua linha de trabalho(e em suas respectivas ordens, sem se misturarem), acabaram por dar inicio a uma nova vertente da Cabala: a Cabala Moderna, que unia os rituais mágicos da cabala hermética com a psicologia e o estudo do tarot.
Aqui neste blog vamos falar de todas as vertentes da cabala, mas de maneira especial da moderna.
Nos próximos posts, continuarei a dar mais material introdutório. Espero que, até o final do mês de setembro, já tenha postado todo o básico sobre a cabala. Daí, então, começaremos a discutir, TODOS JUNTOS, para que serve esse negócio de Cabala no Brasil do século XXI.

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