quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Duas Versões da Árvore da Vida

Ao pesquisar sobre a Árvore da Vida, é muito provável que você se depare com diferentes formatos e diferentes explicações sobre sua referida aparência afirmando que a mesma é correta. E todas estão certas!

A Árvore da Vida, enquanto símbolo inexistia na Kabbalah Judaica até bem pouco tempo atrás, tipo menos de 40 anos. A religião judaica, assim como o islamismo, proíbe gravuras que tenham o intento de retratar as coisas divinas e é por isso que você não vai encontrar material antigo que mostre o formato da árvore. Pelo menos não feito por judeus.

Na época do Renascimento, alguns praticantes cristãos de Cabala deram forma a Árvore da Vida e, com isso, o símbolo que conhecemos apareceu.



Entretanto, conforme a Cabala foi sendo adaptada para a religião cristã e, principalmente , os sistemas místicos ocidentais, muitas formas para se representar a mesma foram surgindo. 

Praticamente cada movimento/ordem/religião desenhava a Árvore da Vida de uma forma diferente até que, com o surgimento de grandes autores cabalistas no século 19 , as diferentes formas de se desenhar a Árvore da Vida condensaram-se em duas principais.

A primeira da que vou falar está logo baixo:


Esta forma da Árvore da Vida é a que você vai encontrar em cursos de Kabbalah judaica abertos para não judeus, como os ministrados pelo Kabbalah Centre. Esse símbolo é derivado dos ensinamento do rabino Isaac Luria e, por isso, é chamado de Árvore da Vida Luriânica.

Foi este mesmo formato que foi utilizado por grandes ocultistas como Papus Eliphas Levi . As ordens martinistas e algumas ordens rosa-cruzes o utilizam até hoje em seus ensinamentos.

Já a segunda forma, e a mais popular,  é a abaixo:





Sua popularidade é devida a Ordem Esotérica da Golden Dawn, onde era utilizada exaustivamente. Grandes autores como MacGregor Mathers, A.E. Waite, Dion Fortune, Aleister Crowley, Israel Regardie e Paul Foster Case utilizavam esta versão em seus livros.

Ela é chamada de Árvore da Vida Hermética e é esta a versão que adotarei neste blog.

Mas qual dessas versões é a correta? Ambas são bastante diferentes na posição das sephiroth e dos caminhos. Isso não daria xabu?

A resposta é não. A Árvore da Vida não possui realidade objetiva. Em suma, ela não existe. Ela é um símbolo usado para auxiliar o ser humano em sua evolução espiritual. Ambas as versões, no tocante ao tratamento dos caminhos e das sephitoth estão corretas, pois o que faz o ser humano evoluir espiritualmente não é o estudo dos símbolos e sim do que o símbolo deseja mostrar. E , nisso, ambas são idênticas.

Neste blog , todos os posts serão baseados em material de estudo que leve em consideração a segunda versão da Árvore da Vida e os autores que com ela trabalharam. Se você participa de alguma ordem que use uma versão diferente, mesmo assim terá muito a aproveitar!

A partir do próximo post, vamos mergulhar fundo em cada uma das sephiroth. Até lá!


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Nome Sagrado na Cabala

Um dos elementos mais importantes da Cabala, e da religiosidade Judaico-cristã, é o nome de Deus.

Composto por quatro letras, יהוה(da direita para a esquerda Yod He Vav He) , ele é considerado impronunciável, mas mesmo assim o ser humano já tentou muitas vezes transcrevê-lo para a linguagem falada. A mais comum interpretação é Yehovah, e dessa pronuncia surgiram tanto o Jehová dos países de língua inglesa tanto quanto o Jeová dos países de língua portuguesa. Mas muitos estudiosos afirmam que a pronuncia que mais se aproxima do original seria Yaweh que em português é traduzido em muitas bíblias como Javé.

A pronuncia original perdeu-se muito antes do advento do cristianismo.Ela era um conhecimento reservado apenas aos sumo sacerdotes do judaísmo. E o mesmo só podia pronunciar o nome sagrado em um dia especial, o dia do Yon Kippur, o dia da expiação dos pecados. Nesse dia, o sumo sacerdote adentrava uma parte do templo chamada de Santo dos Santos(onde estava a Arca da Aliança) e pronunciava o nome sagrado da forma correta.

Infelizmente , quando da invasão da Babilônia, tanto o conhecimento(devido a morte de muitos dos sacerdotes) quanto o Templo de Salomão(também conhecido como Primeiro Templo) foram destruídos. A Arca da Aliança teria sido escondida e estaria assim até hoje, esperando a hora certo chegar para sua volta.

Na Cabala, ele também é uma fórmula de grande importância e está associado aos quatro mundos, onde cada letra corresponderia a um destes. Isso nos ajuda a entender um conceito importante: o de associar as letras do alfabetos hebraico a outros significados, como números , elementos e mesmo planos de existência.

י : está associado a Atziluth e, portanto, também ao elemento Fogo.

ה: está associado a Briah e ao elemento Ar.

ו: está associado a Yetzirah e ao elemento Água.

ה:está associado a Assiah e ao elemento Terra.

Conforme eu for postando aqui no blog, novas atribuições serão dadas a essas letras. O importante agora é justamente ir mostrando que o alfabeto hebraico e a Cabala são "muito mais do que parecem ser".
Uma das interpretações é que, por uma visão alquímica da Cabala(ok, fui redundante aqui, mas foi de propósito...), cada letra seria correspondente a uma região do corpo. Podemos ver essa relação nas imagens abaixo.



Abaixo, uma imagem mais "óbvia" que a anterior:



Com isso, cria-se novas maneiras de se trabalhar os princípios da Cabala, principalmente com quem pratica cura energética(ex: reiki, Johrei, cura prânica), pois baseando na região onde se encontra o problema , temos uma ideia do elemento relacionado com aquela região e, com isso, pode-se agira diretamente não somente nos sintomas mas nas causas da doença. 

Afinal, se o indivíduo está com dor no quadril ou sofre com algum tipo de disfunção erétil, isso poderia de alguma forma estar relacionado a maneira com que ele enxerga e trata sua vida mundana, principalmente no tocante a suas posses e maneiras de se ganhar dinheiro? Ou, talvez, ele seja "cabeça dura", resistente a mudanças, e isso poderia ser uma causa de suas dores? Ou, pior, seja alguém carregado de traumas que não utiliza suas "habilidades sexuais"?

A Cabala diz que sim e, assim como a medicina chinesa, pode apontar possíveis soluções tanto para o fisioterapeuta, quando para o curador holístico e até mesmo para o psicólogo! 

É importante frisar que estudar Cabala não substitui o tratamento médico convencional(e muito menos o profissional de saúde devidamente qualificado) de nenhuma maneira, mas pode sim aumentar as chances de cura drasticamente.

Uma outra visão seria a do relacionamento entre o Tetragama Sagrado e as partes constituintes do conjunto espírito/mente/corpo do ser humano:

Yod: Superconsciência.

He: Subconsciente.

Vav: Consciência objetiva.

He: Corpo físico.

Utilizando de uma linguagem poética, podemos ver Yod e o primeiro He como, respectivamente, o "Pai" e "Mãe" universal, enquanto Vav seria "o Filho". Juntos , eles seriam o individuo, que toma residência com sua "noiva", o He final, relacionado ao corpo físico.

Sim, para aqueles especialistas em Bíblia, o parágrafo anterior contém uma chave muito importante. Já o restante deve ter achado meio enigmático, mas cada coisa a seu tempo.

Continue conosco. No próximo post examinaremos as diferentes versões da Árvore da Vida. Até lá!






domingo, 26 de outubro de 2014

A Fórmula do Paraiso


Antes de começarmos a detalhar as sephiroth e os caminhos entre elas de forma detalhada, é importante falarmos de um importante assunto: a Fórmula do Paraíso.

Esta "fórmula" é usada como método de estudo da Árvore da Vida e carrega, dentro de si, correspondências importantíssimas para a compreensão da mesma. É uma formula secreta que é usada para decifrar textos sagrados, principalmente aqueles que fazem parte do Pentateuco(os cinco primeiros livros do antigo testamento da Bíblia). Ela também pode ser utilizada em outros livros tradicionais da Cabala.

A fórmula é a seguinte: Pshat, Remez, Drosh e Sod. Ela é abreviada como PRDS e pode ser entendida como:

P: o entendimento do texto em seu sentido literal.

R: o entendimento do texto em seu sentido simbólico.

D: o entendimento do texto em seu sentido pessoal(o que o texto "diz para você").

S: o entendimento do texto em seu sentido secreto(usando aqui, em diversas vezes, a gematria).

Uma das maneiras de se referir a esta fórmula é escrevendo PaRDeS, (pronuncia: Pardés), que significa Paraíso.

Esta formula, se bem entendida, não se limita a textos sagrados e pode ser aplicada a tudo. Sim, literalmente TUDO.

Por exemplo, quando um homem conhece uma garota, a primeira coisa que ele "nota" é a sua aparência(sentido literal). Logo depois, muitas vezes de forma inconsciente, a aparência da garota(roupas, forma com que arruma o cabelo, maquiagens, tatuagens, etc)faz com que ele gere uma interpretação da possível personalidade da garota(careta, rebelde, desleixada, elegante, etc). Esse é o sentido simbólico!

Após conversar com a garota, ele já tem um quadro da garota: ela já causou uma impressão em seu interior, tanto mental quanto emocional(sentido pessoal) e, com isso, ele já pode traçar alguns hábitos e comportamentos dela em outros ambientes(sentido secreto).

Esse exemplo é bem superficial, mas mostra uma utilização convencional da fórmula. Ela pode ser também utilizada no mundo dos negócios, dividindo um planejamento em quatro partes : estratégia(P), tática(R), operacional(D) e funcional(S).

Essa flexibilidade da fórmula ocorre porque ela é, na verdade, um espelho dos quatro mundos dos quais falamos. Com isso em mente, fica fácil estabelecer muitas comparações, inclusive com o funcionamento da mente humana. Veja abaixo a correspondência de cada mundo com a respectiva letra:

P: Assiah

R: Yetzirah

D: Briah

S: Atziluth

No próximo post daremos continuidade a explicações sobre a Árvore da Vida. Até lá!



terça-feira, 14 de outubro de 2014

Os Quatro Mundos e a Luz Infinita

Antes de delinearmos a Árvore da Vida e seus componentes, faz-se necessária uma explicação sobre a seguinte questão: o que são , afinal essas esferas?

É impossível estudar Cabala de uma perspectiva ateia, pois em sua essência, as esferas da Árvore da Vida são emanações do Criador. Não importa se você esse criador de Deus, Jeová, ou qualquer outro nome. É premissa básica da Cabala que o Criador decidiu se fazer presente , criar o universo, e a Árvore da Vida é o mais próximo que podemos chegar da ideia original do Criador a respeito de sua criação.

A Árvore da Vida não é o esqueleto de Deus, nem Sua representação. Essa seria uma interpretação panteísta(a ideia de que Deus está em tudo e todos e é tudo e todos). Já a Cabala é teísta(acredita na existência de Deus e em sua revelação através das religiões) ou, em algumas vertentes modernas, deísta(acredita que Deus existe, mas o coloca distante de sua criação). Para a Cabala, Deus é um ser real e dotado de consciência, ainda que totalmente incompreensível.

Ela é uma descrição aproximada de como a Luz Divina se manifesta em nosso universo.
Deus, na Árvore da Vida, estaria então acima de Kether, a esfera mais alta. Mesmo essa descrição ainda não faz jus ao local de existência da divindade na Cabala, mas é a única que podemos compreender. O Criador , portanto, estaria situado imediatamente além das emanações acima de Kether e que dão origem a toda a árvore. Essas emanações, com suas traduções aproximadas, são:




1- Ain: O Nada

2- Ain Soph: O Nada Infinito

3- Ain Soph Aur: A Luz Infinita

Repare que a palavra nada acima não significa algo que não existe, e sim, algo que não pode ser descrito, pois antecede o próprio conceito da existência de alguma coisa(ou de qualquer coisa). Atenção nisso!

É um conceito deveras complexo, e que pode ser simplificado com o estudo do livro do Gênesis, em seus primeiros trechos.

Os Quatro Mundos

Voltando a falar da Árvore da Vida, temos outro importante conceito: o de sua divisão em quatro mundos. Eles são os seguintes:

1. Atziluth, o Mundo do Arquétipo

2. Briah, o Mundo da Criação

3. Yetzirah, o Mundo da Forma

4. Assiah, o Mundo da Ação

Esses mundos podem ser considerados como cada um sendo composto de uma única Árvore da Vida ou como sendo uma única Árvore da Vida dividida em quatro seções.

No primeiro modelo, cada mundo conteria uma Árvore da Vida completa, com suas dez esferas e estariam ligados entre si por suas esferas inferiores e superiores. Por exemplo: a sephira Kether contida no mundo de Assiah estaria ligada a esfera Malkuth do mundo de Yetzirah. Alguns autores vão mais longe e afirmam que Kether de Assiah seria a Malkuth de Briah, enquanto Tipheret de Assiah seria Malkut de Yetsirah. Nesta  visão, a mais difundida e aceita,  Tipheret seria o elemento de ligação entre os mundos. Nesse modelo temos, numa visão geral, quatro Árvores da Vida, totalizando 40 esferas. Um número repleto de significados e simbolismos, principalmente na Bíblia.




A esse primeiro modelo geralmente é atribuído o nome de Escada de Jacó.

Já o segundo modelo divide a Árvore da Vida em quatro segmentos. Se as esferas são as emanações da Divindade feitas universo, então a divisão das mesmas em quatro grupos distintos facilita sua compreensão, pois assim podemos situa-las em uma escala energética. Cada mundo na Árvore da Vida, pode ser representado tanto por um dos quatro elementos, quanto por uma das características da alma humana, entre outras correspondências.




Seguem abaixo uma descrição breve dos quatro mundos, bem como de suas correspondências:

Atziluth

É também chamado de Plano Divino. Corresponde ao elemento Fogo e é constituído pelas sephiroth Kether, Chockmah e Binah.Nesse ponto, a Criação ainda está intimamente unida a Luz Infinita e , portanto, em intimo contato com o Criador.

Briah

É também chamado de Plano Mental. Corresponde ao elemento Ar e é constituído pelas sephiroth Chesed, Gevurah e Tipheret. Aqui os arquétipos, já distantes da Luz Infinita, começam a tomar forma através das ideias e com isso, aparecem as primeiras divisões , contrastes e desequilíbrios. Isso de um ponto de vista descendente é claro! De um ponto de vista ascendente, subindo a partir de Malkuth, podemos dizer que é nesse mundo que o equilíbrio começa a se estabelecer.

Yetzirah

É também chamado de Plano Astral ou de Plano Emocional.  Corresponde ao elemento água e é composto pelas sephiroth Hod, Netzach e Yesod. Aqui a Luz Infinita, ainda mais distante do Criador, toma a forma das emoções. A idéia vira uma imagem e , com isso, multiplicam-se as interpretações. "Mente" e "coração" são equilibrados pela Espiritualidade e nela os sonhos se encontram com o reino dos mortos. E não poderia ser diferente...

Assiah


É também conhecido como Plano Físico ou Material. É, até certo ponto, o mundo que consideramos como "real". Ele corresponde ao elemento terra e está tão afastado da Luz Infinita que reinam as divisões e as dualidades. Mas existe uma esperança: ao se dedicar a materialidade ao retorno a Luz Infinita pode-se "subir" a Árvore da Vida e a cada caminho recuperar o tão desejado equilíbrio. É aqui que temos a primeira (e talvez  maior) lição da Cabala: é aplicando a discriminação no mundo material, e não fugindo dele, que conseguiremos ascender espiritualmente.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Árvore da Vida

Talvez o símbolo mais conhecido do esoterismo atual seja a Árvore da Vida. E também o mais simples, pelo menos em sua construção.

A Árvore da Vida é um grande símbolo feito para englobar TUDO. Isso mesmo, literalmente todo e qualquer aspecto da vida de uma pessoa ou mesmo do universo pode ser relacionado a uma parte deste símbolo.  Entretanto, este importante símbolo inexiste na Cabala Judaica, pois a mesma proíbe a confecção e o uso de símbolos deste tipo. 

O conceito da Árvore da Vida foi introduzido em obras esotéricas judaicas como o Zohar e o Sepher Sephira e era conhecido por poucos fora da religião(mesmo dentro do judaísmo a cabala era pouco conversada). Alguns, como Christian Knorr von Rosenroth e Pico Della Mirandola estudaram a fundo este conhecimento e o adaptaram ao Esoterismo Cristão. As obras destes viriam a influenciar o movimento Rosa-cruz. Ou foram influenciadas por eles, dizem alguns!

No século 19 o conhecimento sobre a Árvore da Vida passou a figurar proeminentemente nas obras de Eliphas Levi, Papus, Mac Gregor Mathers entre outros. Com isso, houve uma revolução no conhecimento esotérico ocidental.

Eis o símbolo:



Como podem ver a Árvore da Vida consiste de 10 esferas, ligadas entre si por linhas, que são denominadas caminhos. Em hebraico, as esferas tem o nome de sephira(singular) e sephiroth(plural). Cada caminho corresponde a uma letra do alfabeto hebraico.

Os nomes das sephirot, com suas respectivas traduções do hebraico para o português, são os seguintes:

1.  Kether(Coroa)

2.  Chokmah(Sabedoria)

3.  Binah(Entendimento)

4.  Chesed(Misericórdia)

5. Gevurah(Severidade)

6. Tipheret(Beleza)

7. Netzach(Glória)

8. Hod(Esplendor)

9. Yesod(Fundação)

10. Malkuth(Reino)

Olhando para a figura da Árvore da Vida e comparando com a figura abaixo, notamos que ela pode ser dividida em três triângulos: o triangulo superior é chamado de Triangulo Divino, o do meio de Triangulo Ético e o mais inferior de Triangulo Astral




Veja que Malkuth não participa de nenhum triângulo e isso é correto pois na Árvore da Vida ele representa, até certo ponto, nosso mundo material(plano físico e corpo físico). Digo isso porque, a maioria da humanidade(segundo a Cabala), não estaria pertencendo nem sequer em Malkuth e sim adormecida , em um estado de piloto automático que lembraria o sonambulismo...ou pior!

Podemos dividir a Árvore da Vida da vida em três colunas ou pilares: a da direita seria o Pilar da Misericórdia ( também chamada de coluna da força ou coluna masculina), a da esquerda o Pilar da Severidade(também chamada de coluna da forma ou feminina) e a do meio seria, bem, o Pilar do Meio ( também conhecida como coluna do equilíbrio ). Confira na figura abaixo:



Na descrição acima, tanto masculino quanto feminino estão em um contexto simbólico: masculino é aquele que dá e feminino é aquele que recebe. Lembrem-se de eletricidade e de tomadas e vão entender. Já o Pilar do Meio representa não a neutralidade mas a harmonia entre as colunas laterais.

Esse é apenas um post introdutório. Nos posts seguintes vamos nos aprofundar nas naturezas e qualidades das sephiroth, dos caminhos da Árvore da Vida e pra que afinal serve tudo isso. Até lá!








quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cabala Literal

Como já mencionamos, a centro da doutrina cabalística está na interpretação do alfabeto hebraico. A este ramo de estudo denominamos Cabala Literal.
Esta interpretação, por sua vez, é derivada tanto da interpretação numerológica do mesmo quanto de suas correspondências astrológicas e energéticas em relação a Arvore da Vida. Deste fantástico símbolo falaremos mais adiante. Agora chegou o momento de tratarmos do trabalho com as letras em si, que envolvem três técnicas diferentes. Cada uma delas contém uma filosofia que ajuda a entender melhor a natureza de TUDO.
As três subdivisões da Cabala Literal:
• A Gematria
• O Notaricon
• A Temura
Gematria é um modo de interpretação pelo qual um nome ou palavra possuindo determinado valor numérico são consideradas equivalentes ou relacionadas a outras palavras com o mesmo valor. Assim, o numero passa a representar uma ideia em si e as palavras com esse numero são diferentes expressões ou derivações da mesma ideia.
Por ex, a palavra Messias, em hebraico, possui o mesmo valor(358)da palavra Siló(ver Gênesis 10,49), portanto se considera que o livro do Genesis contém, no trecho citado, uma profecia do futuro Messias. Também a Serpente de Bronze que Moises usou para afugentar a praga de cobras(Números 21, 4-9) possui em seu original em hebraico,Nachach, o mesmo valor(358).
Já o Notaricon funciona através de abreviações e é de interpretação mais complexa. Ele possui dois modos. No primeiro um nome é formado pelas letras iniciais e finais de uma ou mais palavras. No segundo, usa-se as letras de um nome são usadas para se formar as letras iniciais das palavras contidas em uma determinada frase.
Por exemplo, em Deuteronômio 30,12 é atribuído a seguinte frase a Moises: “Quem subirá por nós ao céu”. No original em hebraico, as primeiras letras de cada palavra formam a palavra Milah, que significa “circuncisão”. As ultimas letras de cada palavra formam IHVH (Yaweh, ou Javé, ou Jeová), Deus. Logo, uma analise revela a circuncisão como caminho para se ir até Deus.
Para exemplificar o segundo método, temos a palavra Amém, que em seu original em hebraico é formada pelas iniciais da seguinte frase: Adonai Melech Namem, que significa “O Senhor Rei Fiel”. Da mesma maneira, uma palavra muito utiliza por ocultistas, AGLA, é formada pelas iniciais da frase Ateh Gibur Le-Olam Adonai, que significa “O Senhor eternamente poderoso”.
Temura é a mais complexa das técnicas, pois envolve a substituição (troca) de letras em uma frase ou palavra com o intuito de transmitir uma mensagem. Pode-se também escrever de trás para frente algumas palavras em uma frase. Tudo isso seguindo, é claro, regras rígidas, pois senão ninguém desvendaria o código para se compreender a mensagem.
Vai além do escopo deste post ir mais a fundo na explicação da Temura. Ou , sendo sincero, ela é tão complexa que temo falar alguma besteira…

Fontes consultadas e usadas para a criação deste post:
An Introduction to the Study of Kabbalah, W. Wynn Wescott.
Kabbalah Unveiled, S. L. MacGregor Mathers.

Por que cabala?

A Cabala é uma tradição de estudo que lida com aspectos do Ser Divino e, também e principalmente, do ser humano.
Todo este estudo é feito através da interpretação simbólica de números, letras e correspondências.
O objetivo principal deste estudo é libertar o homem de sua condição de “Ser não-evoluído” e fazê-lo perceber que o mundo é muito mais do que seus cinco sentidos registram. Além disso, faz parte desse objetivo a Grande Obra, que é o estabelecimento do contato do Eu Objetivo de alguém(isso que você denomina “mente” e que está usando para ler este post) com seu Eu Divino. Após esse contato ter sido feito, começa uma nova etapa de evolução.
Alguns denominam a Grande Obra como o Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião, mas ela é um “pouco” mais do que isso.
A Cabala possui uma parte prática, essencial para a realização da Grande Obra. Essa parte prática vai variar conforme o paradigma de crença de cada individuo. Para alguns, ela é realizada através da meditação, para a outros da magia. Entretanto, todos concordam que esta parte prática é um processo alquímico, que muda e expande não somente a consciência da pessoa, mas seu próprio Ser(físico, mental  e espiritual).
A doutrina cabalística diz que o Universo, ou a Natureza,  é formado pelos pensamentos de Deus. Ora, a forma corriqueira de se expressar um pensamento é através da fala.
A fala, por sua vez, pode ser expressada de maneira sonora ou escrita. E, para escrever, precisamos de letras.
E as letras, através de uma interpretação simbólica(que pode envolver também a forma e a própria sonoridade das letras), podem revelar características ocultas da Natureza e, conseqüentemente, dos pensamentos de Deus.
E o Homem faz parte da Natureza…
Antes de terminar, vamos falar de como escrever a palavra Cabala!
Se você pesquisar vai encontrar Cabala sendo escrita de três formas principais: Cabala, Kabbalah e Qabbalah. Pois bem, vamos tentar destrinchar o significado disso!
Em hebraico, tanto a letra “C” quanto a letra”K” possuem uma letra como “igual” Kaph, ou, כּ. Em suas versões mais antigas, e um pouco na atual, ela lembrava uma mão recebendo algo. Seu próprio significado literal , em hebraico, é “mão”.
Já a letra “Q” teria como versão hebraica a letra Qoph, ou, ק . Esta letra é encontrada na palavra hebraica “Qabal”, que significa “receber”.
Portanto, se fossemos puristas, a forma correta de se escrever Cabala seria com “Q”! Entretanto, vemos que ao usarmos a letra K ou C o significado não muda tanto, devido a aos seus significados em hebraico.
Neste blog escreverei sempre “cabala” com “C” mesmo, pois como estudo mais a cabala moderna, acabei me acostumando com sua grafia desta forma. Mesmo sua pronuncia é diferente da maioria(CABAla ao invés de cabaLÁ).
Mas, no frigir dos ovos, todos as formas acima descritas estão corretas….pelo menos em português!

Introdução

A palavra hebraica Kabbalah tem como significado primário, ou original, “receber”. Trata-se de um conhecimento passado, de geração em geração, para aqueles que sejam dignos de recebê-los. Por motivos a serem explicados futuramente, nesse blog vamos escrever sempre Cabala, ao invés de Kabbalah.
No passado, tal conhecimento era passado de mestre a discípulo de boca para ouvido,  sem nenhuma forma de mídia escrita. O discípulo, além de gozar de boa reputação e certa capacidade intelectual, deveria ser do sexo masculino, casado e ter uma idade superior aos quarenta anos. No passado, tais características indicavam, além de experiência de vida, um desejado equilíbrio emocional, mental e profissional.
Lembrem-se de que a expectativa de vida era bem menos há dois mil anos. Portanto, um homem de 40 anos já havia se estabelecido financeiramente e criado seus filhos, podendo então se dedicar a busca espiritual. A mulher não poderia aprender cabala
Nos tempos modernos, muita coisa mudou. Muitos não judeus querem aprender cabala, incluindo aí mulheres. A maioria dos interessados não se encaixaria no perfil de “maior de 40, estabilidade financeira e relacionamentos equilibrados”. Muito pelo contrário!
Esse é um dos motivos da maioria das Ordens Iniciáticas que usa o sistema cabalístico dedicar seus primeiros graus a tentar equilibrar a vida terrena dos seus candidatos! O corpo emocional sempre é o primeiro a ser tratado nas ordens, seja através de um estudo dos temperamentos, seja através da aplicação de disciplina. O autoconhecimento é sempre o primeiro passo a ser tomado antes de qual quer grande segredo da cabala ser ensinado.
E isso por um bom motivo: sem equilíbrio, aprender cabala não serve exatamente para nada!
A cabala, por mais que muitos de seus luminares neguem isso, foi muito influenciada por um tipo de misticismo judaico chamado Merkabah. E também sofreu influencias do gnosticismo e com neo-platonismo. Apesar de muitos estudiosos afirmarem seriamente que  a cabala foi ensinada por Deus diretamente aos anjos, e que esses passaram o conhecimento para Adão e que este , por sua vez, passou o conhecimento para seus filhos, não existe como provar tal fato! E  a verdade, segundo estudos sérios, é que os sinais mais antigos de que as cabala existia apontam para O século I da era cristã.
Dado o contato dos judeus dessa época com numerosos povos de diferentes regiões e religiões, não seria de se entranhar o fato de um povo influenciar o outro. E, no frigir dos ovos, nada disso importa.
O que importa é que a cabala é um sistema sério de autoconhecimento, de expansão da consciência e de consecução espiritual. Ela funciona, se for levada a sério. E é isso que importa.
Existem muitos tipos e vertentes de cabala. A original, a Kabbalah Judaica, dedica-se a chegar ao êxtase e a união com deus através da meditação e da oração. Ela se dividiu em muitas correntes doutrinárias, sendo que a mais popular é a cabala pop praticada pela Madonna.
Essa cabala, de alguma forma, influenciou muito a maçonaria, sendo que muitos dos elementos dos primeiros graus maçônicos possuem correspondência (elemento diferente mas com valor ou uso igual) com a cabala.
No século 19, um grupo de místicos cristãos revolveu adaptar a kabbalah para seu uso na cultura cristã. Essa Cabala Cristã teve seu apogeu através da Ordem Martinista e da Ordem Rosacruz. Seus grandes nomes foram Eliphas Levi e Papus. Foram eles que popularizaram a correspondência que existe entre o Tarot e Cabala. E desenvolveram rituais teúrgicos para facilitar uma expansão de consciência de seus seguidores
Outro grupo surgiria para popularizar outra vertente da kabbalah: a Golden Dawn. Essa ordem descobriu, ao estudar o material rosacruz, muitas correspondências entre o misticismo egípcio, a magia enoquiana e a cabala. Com isso, um novo patamar foi alcançado: pela primeira vez surgiam rituais que usavam elementos provenientes de diferentes tradições de forma harmônica, eficaz e eficiente. A essa vertente foi dado o nome de Kabbalah Hermética.
Como podem notar, as vezes eu uso o nome de Kabbalh e outras vezes Cabala. Há uma razão de se fazer isso, mas como já disse, explicações virão… em breve.
Por fim, no século XX, ex-membros da Golden Dawn(A.E. Waite, Dion Fortune, Paul Foster Case e Aleister Crowley) cada qual em sua linha de trabalho(e em suas respectivas ordens, sem se misturarem), acabaram por dar inicio a uma nova vertente da Cabala: a Cabala Moderna, que unia os rituais mágicos da cabala hermética com a psicologia e o estudo do tarot.
Aqui neste blog vamos falar de todas as vertentes da cabala, mas de maneira especial da moderna.
Nos próximos posts, continuarei a dar mais material introdutório. Espero que, até o final do mês de setembro, já tenha postado todo o básico sobre a cabala. Daí, então, começaremos a discutir, TODOS JUNTOS, para que serve esse negócio de Cabala no Brasil do século XXI.