Antes de delinearmos a Árvore da Vida e seus
componentes, faz-se necessária uma explicação sobre a seguinte questão: o que
são , afinal essas esferas?
É impossível estudar Cabala de uma perspectiva ateia,
pois em sua essência, as esferas da Árvore da Vida são emanações do Criador.
Não importa se você esse criador de Deus, Jeová, ou qualquer outro nome. É premissa
básica da Cabala que o Criador decidiu se fazer presente , criar o universo, e
a Árvore da Vida é o mais próximo que podemos chegar da ideia original do Criador
a respeito de sua criação.
A Árvore da Vida não é o esqueleto de Deus, nem Sua
representação. Essa seria uma interpretação panteísta(a ideia de que Deus está
em tudo e todos e é tudo e todos). Já a Cabala é teísta(acredita na existência
de Deus e em sua revelação através das religiões) ou, em algumas vertentes
modernas, deísta(acredita que Deus existe, mas o coloca distante de sua
criação). Para a Cabala, Deus é um ser real e dotado de consciência, ainda que totalmente incompreensível.
Ela é uma
descrição aproximada de como a Luz Divina se manifesta em nosso universo.
Deus, na Árvore da Vida, estaria então acima de Kether, a esfera mais alta. Mesmo essa
descrição ainda não faz jus ao local de existência da divindade na Cabala, mas
é a única que podemos compreender. O Criador , portanto, estaria situado imediatamente
além das emanações acima de Kether e
que dão origem a toda a árvore. Essas emanações, com suas traduções
aproximadas, são:
1- Ain: O Nada
2- Ain Soph: O Nada Infinito
3- Ain Soph Aur: A Luz Infinita
Repare que a palavra nada acima não significa algo
que não existe, e sim, algo que não pode ser descrito, pois antecede o próprio
conceito da existência de alguma coisa(ou de qualquer coisa). Atenção nisso!
É um conceito deveras complexo, e que pode ser
simplificado com o estudo do livro do Gênesis, em seus primeiros trechos.
Os
Quatro Mundos
Voltando a falar da Árvore da Vida, temos outro
importante conceito: o de sua divisão em quatro mundos. Eles são os seguintes:
1. Atziluth, o Mundo do Arquétipo
2. Briah, o Mundo da Criação
3. Yetzirah, o Mundo da Forma
4. Assiah, o Mundo da Ação
Esses mundos podem ser considerados como cada um
sendo composto de uma única Árvore da Vida ou como sendo uma única Árvore da
Vida dividida em quatro seções.
No primeiro modelo, cada mundo conteria uma Árvore
da Vida completa, com suas dez esferas e estariam ligados entre si por suas
esferas inferiores e superiores. Por exemplo: a sephira Kether contida no mundo de Assiah estaria ligada a esfera Malkuth
do mundo de Yetzirah. Alguns
autores vão mais longe e afirmam que Kether
de Assiah seria a Malkuth de Briah, enquanto Tipheret de Assiah seria Malkut de Yetsirah. Nesta visão, a mais difundida e aceita, Tipheret seria o elemento de ligação entre os mundos. Nesse modelo temos, numa visão
geral, quatro Árvores da Vida, totalizando 40 esferas. Um número repleto de significados
e simbolismos, principalmente na Bíblia.
A esse primeiro modelo geralmente é atribuído o nome
de Escada de Jacó.
Já o segundo modelo divide a Árvore da Vida em
quatro segmentos. Se as esferas são as emanações da Divindade feitas universo,
então a divisão das mesmas em quatro grupos distintos facilita sua compreensão,
pois assim podemos situa-las em uma escala energética. Cada mundo na Árvore da
Vida, pode ser representado tanto por um dos quatro elementos, quanto por uma
das características da alma humana, entre outras correspondências.
Seguem abaixo uma descrição breve dos quatro mundos,
bem como de suas correspondências:
Atziluth
É também chamado de Plano Divino. Corresponde ao elemento
Fogo e é constituído pelas sephiroth Kether,
Chockmah e Binah.Nesse ponto, a
Criação ainda está intimamente unida a Luz Infinita e , portanto, em intimo
contato com o Criador.
Briah
É também chamado de Plano Mental. Corresponde ao
elemento Ar e é constituído pelas sephiroth
Chesed, Gevurah e Tipheret. Aqui os arquétipos, já
distantes da Luz Infinita, começam a tomar forma através das ideias e com isso,
aparecem as primeiras divisões , contrastes e desequilíbrios. Isso de um ponto
de vista descendente é claro! De um ponto de vista ascendente, subindo a partir
de Malkuth, podemos dizer que é nesse
mundo que o equilíbrio começa a se estabelecer.
Yetzirah
É também chamado de Plano Astral ou de Plano
Emocional. Corresponde ao elemento água
e é composto pelas sephiroth Hod,
Netzach e Yesod. Aqui a Luz Infinita, ainda mais distante do Criador,
toma a forma das emoções. A idéia vira uma imagem e , com isso, multiplicam-se
as interpretações. "Mente" e "coração" são equilibrados
pela Espiritualidade e nela os sonhos se encontram com o reino dos mortos. E
não poderia ser diferente...
Assiah
É também conhecido como Plano Físico ou Material. É,
até certo ponto, o mundo que consideramos como "real". Ele
corresponde ao elemento terra e está tão afastado da Luz Infinita que reinam as
divisões e as dualidades. Mas existe uma esperança: ao se dedicar a
materialidade ao retorno a Luz Infinita pode-se "subir" a Árvore da
Vida e a cada caminho recuperar o tão desejado equilíbrio. É aqui que temos a
primeira (e talvez maior) lição da Cabala:
é aplicando a discriminação no mundo material, e não fugindo dele, que conseguiremos
ascender espiritualmente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente, porem, a sephira Kether contida no mundo de Assiah estaria ligada a esfera Malkuth do mundo Briah e nao de Yetzirah.
ResponderExcluirDe fato, acabei escrevendo a mesma teoria duas vezes seguidas! Agradeco o comentario e ja efetuei a correcao.
ResponderExcluirMuito bom
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