terça-feira, 14 de outubro de 2014

Os Quatro Mundos e a Luz Infinita

Antes de delinearmos a Árvore da Vida e seus componentes, faz-se necessária uma explicação sobre a seguinte questão: o que são , afinal essas esferas?

É impossível estudar Cabala de uma perspectiva ateia, pois em sua essência, as esferas da Árvore da Vida são emanações do Criador. Não importa se você esse criador de Deus, Jeová, ou qualquer outro nome. É premissa básica da Cabala que o Criador decidiu se fazer presente , criar o universo, e a Árvore da Vida é o mais próximo que podemos chegar da ideia original do Criador a respeito de sua criação.

A Árvore da Vida não é o esqueleto de Deus, nem Sua representação. Essa seria uma interpretação panteísta(a ideia de que Deus está em tudo e todos e é tudo e todos). Já a Cabala é teísta(acredita na existência de Deus e em sua revelação através das religiões) ou, em algumas vertentes modernas, deísta(acredita que Deus existe, mas o coloca distante de sua criação). Para a Cabala, Deus é um ser real e dotado de consciência, ainda que totalmente incompreensível.

Ela é uma descrição aproximada de como a Luz Divina se manifesta em nosso universo.
Deus, na Árvore da Vida, estaria então acima de Kether, a esfera mais alta. Mesmo essa descrição ainda não faz jus ao local de existência da divindade na Cabala, mas é a única que podemos compreender. O Criador , portanto, estaria situado imediatamente além das emanações acima de Kether e que dão origem a toda a árvore. Essas emanações, com suas traduções aproximadas, são:




1- Ain: O Nada

2- Ain Soph: O Nada Infinito

3- Ain Soph Aur: A Luz Infinita

Repare que a palavra nada acima não significa algo que não existe, e sim, algo que não pode ser descrito, pois antecede o próprio conceito da existência de alguma coisa(ou de qualquer coisa). Atenção nisso!

É um conceito deveras complexo, e que pode ser simplificado com o estudo do livro do Gênesis, em seus primeiros trechos.

Os Quatro Mundos

Voltando a falar da Árvore da Vida, temos outro importante conceito: o de sua divisão em quatro mundos. Eles são os seguintes:

1. Atziluth, o Mundo do Arquétipo

2. Briah, o Mundo da Criação

3. Yetzirah, o Mundo da Forma

4. Assiah, o Mundo da Ação

Esses mundos podem ser considerados como cada um sendo composto de uma única Árvore da Vida ou como sendo uma única Árvore da Vida dividida em quatro seções.

No primeiro modelo, cada mundo conteria uma Árvore da Vida completa, com suas dez esferas e estariam ligados entre si por suas esferas inferiores e superiores. Por exemplo: a sephira Kether contida no mundo de Assiah estaria ligada a esfera Malkuth do mundo de Yetzirah. Alguns autores vão mais longe e afirmam que Kether de Assiah seria a Malkuth de Briah, enquanto Tipheret de Assiah seria Malkut de Yetsirah. Nesta  visão, a mais difundida e aceita,  Tipheret seria o elemento de ligação entre os mundos. Nesse modelo temos, numa visão geral, quatro Árvores da Vida, totalizando 40 esferas. Um número repleto de significados e simbolismos, principalmente na Bíblia.




A esse primeiro modelo geralmente é atribuído o nome de Escada de Jacó.

Já o segundo modelo divide a Árvore da Vida em quatro segmentos. Se as esferas são as emanações da Divindade feitas universo, então a divisão das mesmas em quatro grupos distintos facilita sua compreensão, pois assim podemos situa-las em uma escala energética. Cada mundo na Árvore da Vida, pode ser representado tanto por um dos quatro elementos, quanto por uma das características da alma humana, entre outras correspondências.




Seguem abaixo uma descrição breve dos quatro mundos, bem como de suas correspondências:

Atziluth

É também chamado de Plano Divino. Corresponde ao elemento Fogo e é constituído pelas sephiroth Kether, Chockmah e Binah.Nesse ponto, a Criação ainda está intimamente unida a Luz Infinita e , portanto, em intimo contato com o Criador.

Briah

É também chamado de Plano Mental. Corresponde ao elemento Ar e é constituído pelas sephiroth Chesed, Gevurah e Tipheret. Aqui os arquétipos, já distantes da Luz Infinita, começam a tomar forma através das ideias e com isso, aparecem as primeiras divisões , contrastes e desequilíbrios. Isso de um ponto de vista descendente é claro! De um ponto de vista ascendente, subindo a partir de Malkuth, podemos dizer que é nesse mundo que o equilíbrio começa a se estabelecer.

Yetzirah

É também chamado de Plano Astral ou de Plano Emocional.  Corresponde ao elemento água e é composto pelas sephiroth Hod, Netzach e Yesod. Aqui a Luz Infinita, ainda mais distante do Criador, toma a forma das emoções. A idéia vira uma imagem e , com isso, multiplicam-se as interpretações. "Mente" e "coração" são equilibrados pela Espiritualidade e nela os sonhos se encontram com o reino dos mortos. E não poderia ser diferente...

Assiah


É também conhecido como Plano Físico ou Material. É, até certo ponto, o mundo que consideramos como "real". Ele corresponde ao elemento terra e está tão afastado da Luz Infinita que reinam as divisões e as dualidades. Mas existe uma esperança: ao se dedicar a materialidade ao retorno a Luz Infinita pode-se "subir" a Árvore da Vida e a cada caminho recuperar o tão desejado equilíbrio. É aqui que temos a primeira (e talvez  maior) lição da Cabala: é aplicando a discriminação no mundo material, e não fugindo dele, que conseguiremos ascender espiritualmente.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Excelente, porem, a sephira Kether contida no mundo de Assiah estaria ligada a esfera Malkuth do mundo Briah e nao de Yetzirah.

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  3. De fato, acabei escrevendo a mesma teoria duas vezes seguidas! Agradeco o comentario e ja efetuei a correcao.

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