Peh, o Caminho 27
Voltamos a produzir textos para este blog,após cinco anos de ausência, inspirados devido a uma renovação provocada por uma nova discípula. Provocações e desafios, muitas vezes, são o combustível da evolução espiritual.
O caminho 27 liga as sephiroth Netzach e Hod, o Pilar da Severidade com o da Misericórdia. Esse caminho, também conhecido no Sepher Yetzirah como “Caminho da Inteligência Ativa” (também no sentido de excitação) forma uma espécie de checkpoint na Arvore da Vida, de véu a ser “rasgado”. Levando-se em conta as esferas de Hod, Netzach e Yesod, temos um triângulo com a ponta voltada para baixo, onde Peh seria um dos lados. Juntas , estas sephiroth formam a tríade da personalidade.
Além de ligar nossas emoções (Netzach) com nossa razão (Hod), este caminho traz uma ideia de equilíbrio entre essas forças, que não são necessariamente opostas, mas complementares. Ligado as energias representadas no esoterismo pelo planeta Marte, Peh representa que as emoções não precisam ser controladas e , sim , compreendidas. Muito mal pode advir de negarmos nossas emoções, de querermos não sentir tal coisa e sentir outra coisa no lugar. Este caminho representa uma postura ativa diante de nossos sentimentos, mergulhando neles e os compreendendo, conhecendo suas causas e consequência. Aceitando nossas emoções como parte de nós, começaremos a trabalhar de fato por uma melhora das mesmas.
Mas o que acontece quando negamos nossos sentimentos ou, pior, permitimos que eles fiquem desequilibrados em relação a razão e dominem nossas decisões? E o contrário, quando somos guiados por uma pretensa racionalidade e negamos nossas emoções?
Acontece isso:
Peh é o caminho atribuído ao arcano 16 do Taro chamado de “A Torre” ou de “ A Casa de Deus”.
É a destruição da torre construída como objeto de vaidade, de adoração a um falso deus(o Ego). Conforme você vai se aproximando da Verdade, as mentiras de sua vida caem. E este processo é doloroso. Apegamo-nos as mentiras, principalmente aquelas que nos mesmos criamos sobre nós, as doces ilusões criadas para sustentar nosso Ego perante este mundo cruel. Tal qual o raio que destrói a Torre, tais ilusões são destruídas.
Na Bíblia existe a história da Torre de Babel, construída por homens que ousaram chegar mais perto de Deus. A motivação, o orgulho, faz com que cometemos atos com o intuito de inflar nosso Ego. Quem já não conheceu um homem ou uma mulher que se encaixe na seguinte história:
Mara amava João. João não a amava, mas mantinha Mara por perto, pois Mara o enchia de elogios, dizia que gostava muito dele e isso fazia João se sentir bem. Mara era apenas mais uma dentre cinco pessoas que João mantinha contato com esse intuito. João não tinha nenhuma intenção de ter algo com nenhuma das duas, mas distribuía migalhas de atenção e carinho para manter elas por perto.
Em primeiro momento, parece que João escraviza essas garotas se aproveitando da carência que elas tem e dos sentimentos que nutrem por ele. E sim, é isso que acontece de fato. Mas João também é escravo: seu Ego o escraviza totalmente e é o centro de sua vida. Um dia, João perceberá quanto tempo perdeu com joguinhos como esse e esqueceu-se do que realmente queria para sua vida e não sabia. Nesse momento, será como o arcano da Torre.
Peh significa boca, que é a parte do corpo responsável pela entrada do alimento em nosso ser e também pela saída das palavras de nosso ser (também conta quando você usa um teclado?). Logo , esse caminho ensina o equilíbrio entre aquilo que colocamos para dentro de nós e aquilo que colocamos para fora de nós. Ultimamente, você anda colocando coisas boas para dentro de você, não somente comida, mas é conhecimento aproveitável? E o que coloca para fora? É algo bom? E as partes de sua vida que você deveria retirar de seu ser, as partes podres ou sem utilidade para sua evolução?
Alguns podem se perguntar por que em algumas versões, como no Tarô de Marselha, o arcano 16 é chamado de “A Casa de Deus”. Parte da explicação pode estar na profunda semelhança da letra Peh com a letra Beth, que significa justamente “casa”. Logo, podemos dizer que quando purificamos nosso ser de tudo o que não nos serve e que tudo o que resta dentro de nos( e tudo o que sai e o que entra) é puro, nos tornamos a verdadeira Casa de Deus, nem que para isso seja necessário tomarmos um raio na cabeça para aprender!
Na maçonaria o segundo grau carrega uma espécie de superstição: é o grau onde o maçom sofre muitas tentações e provações - onde muitas coisas dão errado na vida do ir...- para ver se quer continuar o caminho da luz , rumo a P... P... . Isso é tão forte que muitos maçons ficam menos de um ano nesse caminho e depois mal se lembram do grau. Grande erro! Tanto Peh quando o grau 2 da maçonaria simbólica simbolizam o Calcinatio, operação alquímica , onde as impurezas são literalmente queimadas e apenas o que é puro sobra.
Quando você chega perto da Verdade, o que é falso começa a desmoronar e as mentiras começam a serem reveladas!
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