segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A Acídia: uma visão pessoal

 

Escrevi esse texto em 2009. Acredito que ele possa ser útil para algumas pessoas e resolvi mostrar ao mundo. 

Em breve, vou continuar com as postagens a respeito dos caminhos da Arvore da Vida e das Sephiroth.

Existe um defeito capital (ou pecado capital , se preferir) que hoje em dia denominamos de preguiça, mas já foi chamado de melancolia e, originalmente, de acídia. Há que diga que logo a chamaremos de boredom, tédio, mas o nome não faz jus.

 

Relativamente comum àqueles que tem a Lua ou aflita, ou em signos de água, ou que possuem o Sol aflito e em signos de água, a acídia é o primeiro defeito que todos tem que vencer ao se elevar e começar a trilhar os caminhos da Árvore da Vida, pois está ligada , principalmente , a Yesod .

 

Antes, devo deixar claro que acídia não é o mesmo que depressão. Depressão é uma doença que possui causas diversas e seu tratamento deve ser junto a um médico psiquiatra ou a um psicólogo devidamente formado em uma faculdade. Ponto.

 

Ao pensar sobre a acídia, não pude deixar de fazer a ligação com o sentimento de deixar a vida aos sabores do vento, de se ir aonde a vida  levar, sem executar nenhuma ação. Uma fuga (através da tristeza) da responsabilidade. Pior: medo da responsabilidade. E medo de viver. Tristeza, derrotismo e medo.

 

Ao primeiro momento, sem ter antes nenhum contato com a palavra ou seu significado, acídia me pareceu uma preguiça moral. A falta de atitude leva a pessoa a não praticar as virtudes e, consequentemente, ficar sem os dons naturais e sobrenaturais do Espírito. Mas, a medida que meditava o significado do termo, percebi que a acídia instila no ser humano um comportamento derrotista, carregado de fatalismo, no qual o individuo prefere ficar parado, em sua ilusória segurança, do que fazer alguma coisa que pode levá-lo a vida ideal que ele tanto sonha mas que não acredita alcançar.

 

Ora o que causa tal comportamento? Pode ser um problema de natureza social, mas eu não acredito nisso. Em minha opinião, o mal está enraizado na alma do individuo, a qual ele conhece tão pouco.

 

O Pessimismo

 

O materialismo domina a sociedade atual. Há no ser humano um ímpeto para consumir e ser consumido. Para atender as expectativas dos outros. E para ter suas expectativas atendidas também. Muita se deseja, muito se cobiça. Pouco se conhece. Talvez o problema esteja aí: o ser humano tem a ideia de um modelo pessimista da vida, no qual nem tudo pode dar certo e muitas coisas já nascem erradas. Nem vale a pena tentar, dizem muitos. Vai dar errado, não vale o esforço.

 

A visão humana, muitas vezes, carece de esperança. A pessoas não acredita mais nas instituições, nos livros, nos meios de comunicação. Não acredita em sua capacidade de criar, de inventar, de superar dificuldades. Com isso, a tristeza vem. O Homem começa a se acostumar a ser um fraco.

 

Pois a verdadeira força está em acreditar que existe um amanhã. Que o sol vai voltar a nascer e para todos. Já alguém dominado pela tristeza espiritual, vê somente mais um dia igual ao outro, ao outro e ao outro. Melhorar, só na base da sorte. Piorar, é bem mais fácil.

 

Com o pensamento dominado pelo pessimismo, a alma começa a ser corroída.

 

 

A Vida na Escuridão

 

Tendo a alma essa tristeza, é óbvio a pessoa se cercar de outros iguais a ela. Com uma tendência de achar que o mundo está perdido, ela busca pessoas igualmente sombrias, ao invés de ir atrás de um mundo melhor, ou mesmo de uma vida melhor para si.

 

Reclamar e não fazer nada é melhor em grupo. Todo individuo gosta de ser escutado e tem a necessidade de exteriorizar suas emoções. A acídia age como um imã, atraindo pessoas semelhantes e afastando aquelas com um comportamento oposto.

 

Com escuridão por todos os lados, resta ao triste cidadão, a colocação da culpa de seus problemas sobre os ombros dos mais favorecidos pela sorte. Ele não enxerga as possibilidades de deixar sua fraqueza para trás, mesmo se a resposta estiver defronte a ela.

 

O Medo

 

A acídia faz a pessoa ter medo de mudar, pois a mudança pode trazer uma vida pior do que a anterior. Se estiver ruim agora, mas suportável, para que a mudança? Esse pensamento é muito comum.

 

O doente acaba se acostumando com a doença, e passa a ter medo da cura.

 

Mas o medo de mudar pode trazer o tédio e o desespero. As pessoas buscam sempre a evolução, mesmo quando não a acham possível. A estagnação espiritual, leva a pessoas no exagero de outros vícios. Uma pessoa triste, depressiva, pode se entregar de corpo e alma a mais ínfima esperança de amor, de amizade, pois em sua visão esses são bens raros, que não são comuns a ela. Ela não sente amor, mesmo o amor sendo presente em sua vida.

 

Derrotismo

 

A acídia faz com que as pessoas desistam de seus sonhos sem nunca tê-los tentado. Ou tudo é muito difícil, ou a pessoas não tem tempo ou os outros não são justos com ela. O “triste individuo” torna-se especialista em desculpas para justificar seu comportamento.

 

O sentimento de derrota antecipada é mais forte. E a pessoas resolve não dar sequer o primeiro passo, pois não vale a pena. Vai dar errado mesmo.

 

Blasé

 

Hoje em dia, a acídia leva muitas pessoas a um comportamento um tanto que indiferente. Há um clima de tanto faz em relação a política , religião ou mesmo em relação a vida pessoal e familiar. Trata-se de uma leve aversão a vida, que pode fazer com que o individuo caia em um oceano depressivo criado por ele próprio.

 

Ele se recusa a adaptar-se e prefere  conformar-se e a acomodar-se nesse mundo sombrio.

 

Antídoto

 

Temos como antídoto para a acídia o dom da fortaleza. Mas como buscar esse dom? Uma das maneiras, penso eu, é buscar o pensamento positivo, uma atitude mais otimista em relação a vida. É um primeiro passo.

 

Esse passo pode ser somado a uma “limpeza espiritual”, retirando da mente velhos ressentimentos, lembranças de antigas derrotas, teias de tristeza formadas pela falta de esperança.

 

Deve-se focar em ser forte. E ser forte é ser virtuoso.

 

Para tanto, as virtudes que combatem a acídia devem ser reforçadas e instigadas no ser da pessoa. Essas virtudes são a Diligência, ligada a Marte e a Magnanimidade, ligada ao Sol. Esta ultima é a capacidade de brilhar e iluminar os outros ao seu redor através de suas ações.

 

Já a diligência é a capacidade de guiar sua energia interior de forma a produzir de maneira efetivamente produtiva.

 

Nada nos anima mais do que ver os frutos de nossas ações e perceber que eles trazem o bem aos outros.

 

É claro, a própria virtude da Lua, a Humildade, é recomendada. Ser humilde não é ser um pateta ou um coitado, mas se conhecer e não ser nem mais nem menos do que é.

 

Conclusão

 

A acídia poderia ser muito bem o mal do século. Mas sua cura não é impossível. Basta acreditar que o Espírito vence a carne e que a mente é aquilo que nós treinamos ela ser: pode ser um poço de tristezas ou um oceano de alegrias. Nós escolhemos o que colocamos nela. Depende disso: a escolha e a ação referente a essa escolha.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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