Tzaddi - O 28° Caminho
O próximo caminho a discutirmos neste espaço é o
28°, representado pela letra hebraica Tzaddi.
Você pode estar estranhando por eu não estar
seguindo a ordem "correta", ou seja, decrescente rumo ao caminho de
numero 1. Entretanto, nem tudo na Cabala é segundo o que estamos acostumados.
Nem todos os caminhos precisam ser percorridos na mesma ordem e dependendo da
ordem esotérica que você pertencer ou do autor que você estiver lendo no
momento, a própria interpretação da posição destes caminhos pode mudar.
Em verdade, todos os caminhos existem ao mesmo tempo
em nossa vida. Vai depender de sua "vibração" atual o quanto você
percebe ou acessa dos mesmos. A Arvore da Vida é apenas uma representação construída
de forma a facilitar a educação cabalística.
Tenho dito isto, vamos discorrer um pouco!
Tzaddi, traduzido diretamente, significa
"anzol", que por sua vez nos leva a pensar em "pescar".
Mas o que queremos pescar??
Tzaddi fala justamente dessa busca por algo ainda
não idealizado. É um sentimento de que algo falta, algo precisa acontecer. Em
nossa língua, quando falamos que alguém "pescou a ideia" significa
que ele entendeu.
Essa letra é justamente isso: entender algo que está
a nossa frente mas que necessita de investigação para que, pista após pista,
possamos solucionar o quebra-cabeças ao olhar para o mesmo já montado.
Resumindo, isso é a Iniciação!
Entretanto, Tzaddi faz um pouco mais do que
"pescar" a idéia da iniciação. O anzol seria algo que "prende
" a atenção do peixe para depois prender a boca do próprio.
Dominar sua mente, sua atenção, então, seria um dos
primeiros passos rumo a iniciação. Uma das ferramentas para isso seria a
meditação.
O celebre yogui Patanjali define a meditação como
"prender a mente em um objeto particular" . Essa é a idéia. Mas ,
antes de falarmos de meditação, vamos falar mais das características desse
caminho.
Tzaddi é o caminho que purifica as imagens geradas
em Yesod. Ela une a imagem masculina de Yesod com a feminina de Netzach, a
imaginação com as emoções.
Muitas das atribuições deste caminho dividem os ocultistas.
A maioria(Golden Dawn, Paul Foster Case) acredita que esse caminho corresponde
ao arcano 17 do Tarot, A Estrela. Outros(como Alester Crowley) , porém,
atribuem esse caminho ao arcano 4, O Imperador.
Eu vou me ater a tradição e apresentar A Estrela como a correspondência
deste caminho. Ao longo do texto vou dar umas pistas do por que ter escolhido
ela.
Como podem ver acima, A Estrela possui 7 estrelas
menores que representam os 7 chackras de nosso corpo(chamados também de centros
psíquicos por algumas ordens).
O desenvolvimento desses centros não ocorre da noite
para o dia e está ligado a uma alquimia total do ser, envolvendo sua mente ,
corpos e alma. Cursos como "acorde sua kundalini em uma semana" e livros como "abra seus chakras em um
ano" servem no máximo para causar problemas de saúde no individuo e , no mínimo,
para arrancar um pouco de seu suado dinheiro. Não existe evolução espiritual
sem uma evolução moral primeiro, e tampouco existe uma mente separada de um
corpo. Quando você evolui, evolui por inteiro. Um mestre dos magos que seja
obeso, fumante, viciado em drogas ou em sexo, falador e com um ego do tamanho
do mundo é uma das coisas mais comuns a ser encontrada nos meios esotéricos(bem,
talvez não com todos esses defeitos ao mesmo tempo...)e nas ordens ditas
discretas. Não passam de mestres de tolos! Se quiser encontrar um mestre de
verdade, procure pelo inverso de minha descrição acima. Mas procure bem! Vai
ter que andar sua cidade inteira com uma lanterna na mão.
Voltando ao arcano 17: A estrela maior no centro da
lâmina é a quintessência. Por esta razão, esta carta faz correspondência com o
grau de Companheiro da maçonaria. As montanhas ao fundo representam a
perfeição, o final da Grande Obra.
A mulher nua é Isis-Urãnia, ou se você preferir,
Astarte ou Vênus. Todas são as mesmas deusas e morada dela é Netzach. Ela
representa a verdade, uma verdade serena, sem disfarces e é por isso que ela está nua.
Suas pernas formam um angulo de 90 graus. Noventa é o valor de Tzaddi na
gematria("pescaram" ?). O peso de seu corpo descansa sobre seu pé
esquerdo, representando os fatos e fardos da existência fisica. seu balanço é
mantido pelo seu pé direito, imerso na água.
Cruzando este simbolismo com a meditação, temos que meditando damos a
nosso caos mental e fluido um pouco de estabilidade, de rigidez, algo reto como
um angulo de 90 graus. É a fixação do volátil.
A mulher derrama água através de dois vasos. Um
deles cai fora da poça e se divide em 5 partes, representando a purificação dos
cinco sentidos. O outro vaso derrama agua na poça, que provoca ondas
circulares. É o efeito da meditação em nosso subconsciente.
Talvez esta seja a letra mais complexa das que
apresentei até agora.
Caso tenham mais insigths
a respeito da mesma, e de suas atribuições, fiquem a vontade para comentar,
seja concordando, discordando ou inovando.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir